Destaque internacional

Erva-mate do Paraná é reconhecida como Patrimônio Agrícola Mundial

Erva-mate
Foto: José Fernando Ogura/Arquivo AEN

O cultivo da erva-mate sombreada nas florestas de araucárias do Paraná recebeu nesta quarta-feira (21) um título que coloca o produto paranaense no mapa mundial. A Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) elegeu a prática como Patrimônio de Sistemas Agrícolas de Importância Global (Giahs), um reconhecimento que celebra sistemas produtivos sustentáveis que valorizam o conhecimento tradicional e a agrobiodiversidade.

Este é apenas o segundo título concedido pelo órgão ao Brasil, colocando a erva-mate paranaense ao lado dos apanhadores de flores sempre-vivas da Serra do Espinhaço, em Minas Gerais. No cenário global, apenas 95 sistemas de 28 países carregam esta distinção.

O Paraná, maior produtor brasileiro de erva-mate, movimenta cerca de R$ 1,3 bilhão com a produção, segundo dados do Valor Bruto da Produção (VBP) de 2023. A atividade envolve aproximadamente 30 mil famílias paranaenses, com estimativas apontando que 70% de toda a área de cultivo no estado utiliza a técnica sombreada.

Diferentemente do cultivo a pleno sol, o método sombreado é realizado debaixo de florestas nativas, principalmente de araucárias. Esta incidência de luz diferenciada resulta em uma planta com maior concentração de taurina e teobromina, componentes altamente valorizados pelas indústrias de chás, energéticos e cosméticos.

“Além de ter estes componentes, importantes para a indústria, o sistema de cultivo da erva-mate sombreada funciona em uma espécie de consórcio florestal, que produz a erva junto de outras espécies preservadas”, explica o engenheiro florestal Avner Paes Gomes, da área de Recursos Naturais e Sustentabilidade do IDR-Paraná. Para ele, o título deve valorizar o produto paranaense, inclusive para o mercado internacional, que reconhece as práticas sustentáveis nos sistemas produtivos.

Na mesma semana, a FAO também reconheceu o sistema agrícola ancestral Metempantle de Tlaxcala, do México; o cultivo de uvas, batatas-doces e leguminosas de Lanzarote, na Espanha; além de três sistemas chineses.

Segundo a FAO, os sistemas escolhidos são exemplos de harmonia entre as pessoas e a natureza que prosperam ao longo de gerações.

Ao premiar o produto paranaense, a organização reconheceu a história do modelo, desenvolvido há séculos pelos povos indígenas e comunidades tradicionais do Paraná, servindo como exemplo de manejo florestal sustentável e continuidade cultural.

O sistema funciona ainda como pilar fundamental de renda para milhares de famílias da região Centro-Sul do Estado, onde há dificuldade de exploração da agricultura tradicional por conta da topografia.

Entendendo esta vocação regional, o IDR-Paraná atua junto aos produtores com trabalhos de extensão rural, capacitando as famílias desde a seleção das mudas até a colheita e o controle de pragas.

Visando a conquista de novos mercados, o Estado também promove oficinas pelo programa Vocações Regionais Sustentáveis (VRS) da Invest Paraná, com atividades que buscam profissionalizar a cadeia de produtos típicos paranaenses.

Vale destacar que a erva-mate de São Mateus do Sul tem desde 2017 o selo de Indicação Geográfica (IG), sendo um dos 18 produtos tradicionais paranaenses com esta certificação – colocando o Paraná como segundo estado com mais IGs, atrás apenas de Minas Gerais.

O reconhecimento da erva-mate sombreada reforça a posição do Paraná como o estado mais sustentável do Brasil, título concedido pelo Ranking de Competitividade dos Estados. Entre os principais índices alcançados estão a redução de 64% do desmatamento ilegal de Mata Atlântica entre 2023 e 2024 e o aumento de 13% das matas ciliares nos últimos anos.

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