Dividido sobre o melhor momento de se apresentar como alternativa de poder ao governo Dilma Rousseff, o PMDB fará um congresso nesta terça-feira, 17, sem consenso nem mesmo sobre o seu novo programa econômico, intitulado “Uma Ponte para o Futuro”. O encontro foi idealizado com o objetivo de fustigar Dilma e acenar para o PSDB e o mercado, mas perdeu força depois que o PMDB aumentou o seu tamanho no Ministério e o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (RJ), ou a enfrentar processo de cassação no Conselho de Ética.

Mesmo assim, a cúpula do PMDB resistiu às pressões para adiar o congresso – que deve focar as críticas na condução da economia. No momento em que os tucanos tentam ganhar protagonismo na crise, o partido quer fugir da pecha de fisiologismo, destacar suas propostas e deixar claro que não desistirá de lançar candidato próprio à sucessão da presidente Dilma, em 2018. A ideia é transmitir para a opinião pública a imagem de que o PMDB vai se divorciar do PT e só não o fez ainda porque “o Brasil encontra-se em situação de grave risco”, como diz um trecho do programa.

Com a ameaça de impeachment refluindo e Cunha na berlinda, acusado de envolvimento no esquema de corrupção na Petrobras, o PMDB foi obrigado a recolher as armas na política e a se concentrar nas críticas ao modelo econômico petista. Diante do novo cenário, o vice-presidente Michel Temer – que em agosto afirmou ser preciso encontrar “alguém capaz de reunificar a todos” – adotou posição mais cautelosa, para se preservar, e submergiu.

Afastado da articulação política do Palácio do Planalto e distante de Dilma, Temer tem dito que o objetivo imediato do PMDB é preparar uma agenda consistente para o País. “Se o governo incorporar essas teses, isso será um trabalho do PMDB”, avaliou o vice, que também comanda o partido. “Se não, vamos trabalhar como um programa para 2018.”

As correntes do PMDB, no entanto, não chegaram a um acordo sobre o documento “Uma Ponte para o Futuro” e querem desidratar as questões mais polêmicas. O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), por exemplo, detestou o trecho sobre as relações trabalhistas.

O programa propõe que as convenções coletivas prevaleçam sobre as normas legais. O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, achou a ideia “muito boa”, mas Renan disse que a norma pode acabar abrindo brecha para a flexibilização de direitos dos empregados, empurrando o PMDB para uma pauta negativa.

Teses

“O PMDB é uma federação de partidos e cada um tem uma posição, mas tudo será discutido”, disse Renan. “Estou cuidando da Agenda Brasil, que tramita no Legislativo. Creio que com ela será possível criar mais rapidamente as condições para a retomada dos investimentos”.

Escrito pelo ex-ministro da Fazenda Delfim Netto em parceria com o ex-secretário de Política Econômica Marcos Lisboa e o presidente da Fundação Ulysses Guimarães, Wellington Moreira Franco, o documento do PMDB abriga teses opostas às defendidas pelo PT.

Entre elas estão o fim do porcentual previsto na Constituição para despesas com saúde e educação e o término das indexações de benefícios sociais ao salário mínimo. Além disso, o texto atribui a crise atual aos gastos excessivos do governo nos últimos anos.

“Qual é o problema de criticar o governo"M627.409,331.563L512.604,306.07c-44.69-9.925-79.6-46.024-89.196-92.239L398.754,95.11l-24.652,118.721 c-9.597,46.215-44.506,82.314-89.197,92.239l-114.805,25.493l114.805,25.494c44.691,9.924,79.601,46.024,89.197,92.238 l24.652,118.722l24.653-118.722c9.597-46.214,44.506-82.314,89.196-92.238L627.409,331.563z"/>