O ministro da Defesa, Jaques Wagner, criticou, na terça-feira, 5, a forma como o governo federal conduz a questão do ajuste fiscal. Para ele, “o setor de comunicação do governo” errou ao expor à sociedade a proposta de ajuste formulada neste segundo mandato da presidente Dilma Rousseff.
“Ajuste fiscal não tem nada a ver com direito do trabalhador. Foi mal apresentado pelo setor de comunicação do governo, na minha opinião. Porque uma coisa é ajuste fiscal, corte de despesas e questões tributárias, outra coisa é recolocar no caminho programas sociais que eventualmente estão desvirtuados”, disse Wagner em solenidade no Colégio Militar do Rio, onde estudou.
O ex-governador da Bahia pelo PT defendeu medidas como a que restringe o o ao seguro-desemprego e disse que o ajuste proposto é “muito mais suave” do que o que está ocorrendo na Europa. Wagner, que foi ministro do Trabalho no governo Lula, ressaltou que a taxa de desemprego caiu de 18% na época para 6% hoje. “Quando o seguro-desemprego foi pensado, era outra realidade. Não estamos tirando o seguro-desemprego, estamos ajustando. No Bolsa Família já fizemos isso sem nenhum escândalo. No ano eleitoral de 2014 foram tirados do cadastro 1,5 milhão de famílias que recebiam indevidamente.”
Para o ministro, a regulamentação das terceirizações “está sendo mal debatida”. Sobre a articulação do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e a ameaça do PMDB de votar contra o ajuste, disse que “essas tensões no parlamento são normais”. Ele afirmou ter a “convicção de que, com negociação, o ajuste será aprovado”.
A aprovação da Proposta de Emenda à Constituição que eleva de 70 para 75 anos a idade de aposentadoria de ministros de tribunais superiores, a PEC da Bengala, não representa derrota para o governo, opinou o ministro.
“Acho bobagem dizer, como estão falando, que tirou dela (Dilma) a possibilidade de indicar cinco ministros (do STF neste mandato). Dos cinco que sairiam sem a PEC da Bengala, três já foram indicação dela ou do presidente Lula e dois, Marco Aurélio e Celso de Mello, são tipicamente ministros que não têm um carimbo de padrinho político.”
Segundo o ministro, a PEC é “concepção do parlamento sobre o Poder Judiciário, que não tem nada a ver com o Executivo”. “É uma decisão do Congresso. Não cabe comentar. Pessoalmente acho que os 75 anos deveriam ser exclusivos para o STF, único dos tribunais cujo o é dado exclusivamente pelo presidente da República. A PEC já decidiu, mas não concordo que seja estendido a outros tribunais, que têm outra forma de o.”
Em relação ao aço, Wagner disse que “isso se resolve na urna”. “Os que batem a deviam gritar por reforma política. Nossa democracia é tão sólida que resiste a aço, rua e investigação de corrupção.”
