Tensão na Bolívia aumenta às vésperas do plebiscito

A realização do plebiscito autonomista no departamento (estado) de Santa Cruz, no próximo domingo, (4), será garantida por cerca de 10 mil indivíduos treinados para atuarem como "guardiões da democracia", formando ?cordões humanos? em torno das urnas e expulsando os "intrusos", informou David Sejas López, presidente da União Juvenil Cruceñista (UJC) ao jornal La Prensa.

Na periferia empobrecida de Santa Cruz, onde predominam migrantes de outras regiões da Bolívia, a população se organiza para evitar que as escolas públicas sejam utilizadas como locais de votação. Várias pessoas se postarão desde a madrugada de domingo diante das portas dos colégios para impedir a entrada de mesários e do material eleitoral.

A maioria dos moradores desses bairros considera o plebiscito ilegal, e não deve votar. Parte da população, porém, anunciou que vai votar mesmo sem reconhecer a legitimidade do referendo — marcando o "não", contra a autonomia –, por temer as punições anunciadas pela Corte Departamental Eleitoral (CDE) de Santa Cruz.

Félix Garnica, um representante de bairro, anunciou que, no domingo, uma concentração festejará a unidade nacional com bandeiras bolivianas e dos departamentos, além da wiphala (a bandeira multicolorida, que se tornou símbolo dos movimentos indígenas).

Os autonomistas, por sua vez, já compraram caixas de fogos de artifícios e costuram grandes bandeiras verdes e brancas, as cores do departamento, para comemorar a "morte do centralismo" e "o nascimento da nova esperança de liberdade para os cruceños", ao som do hino de Santa Cruz e o canto ao Comitê Cívico.

Ontem, um protesto da UJC foi marcado por ameaças e xingamentos — dirigidos ao presidente Evo Morales, ao venezuelano Hugo Chávez e à Organização dos Estados Americanos (OEA), que tenta mediar as posições do governo e da oposição autonomista.

José Carlos Soruco, dirigente da Federação de Juntas Vicinais (Fejuve) disse que não é possível que "um ignorante? governe o país, aludindo ao presidente Morales. Sob os gritos de ?Evo pichicatero [consumidor ou traficante de cocaína]!", ele prometeu que Santa Cruz será autônoma ?aconteça o que acontecer?.

Um dos dirigentes da UJC disse em seu discurso que os jovens autonomistas estão dispostos, se for preciso, a derramar sangue.

No fim de semana ado, foram registrados os primeiros enfrentamentos entre autonomistas e membros do partido governista Movimento ao Socialismo (MAS), em localidades rurais como San Pedro e Comarapa.

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