O deputado Virgílio Guimarães (PT-MG) classificou ontem de equivocada a Medida Provisória (MP) 232, que aumenta a carga tributária das empresas prestadoras de serviço e corrige em 10% a tabela do Imposto de Renda da Pessoa Física (IRPF).
"O Imposto de Renda é um imposto adequado para fazer justiça fiscal. (Mas) É um equívoco tratar o Imposto de Renda apenas sobre o critério arrecadatório e isso está prevalecendo no que se refere à 232", criticou Guimarães, que foi o relator da reforma tributária.
Ele ressaltou que o equilíbrio fiscal é indispensável para o crescimento sustentado do País.
"Não acredito que ninguém seja contra isso, mas a compensação feita num segmento apenas da cadeia produtiva é uma idéia equivocada", completou.
Sem mencionar quais, Guimarães sugeriu uma "série de medidas de baixo impacto, que, num conjunto, levasse ao equilíbrio fiscal".
O deputado do PT de Minas Gerais não quis avaliar se a opinião seria atualmente predominante entre os deputados da bancada federal do partido. No fim de semana, o presidente nacional da legenda, José Genoino, defendeu mudanças na MP, alegando que o governo precisa negociar uma redução da carga tributária.
Truculência
Guimarães esteve hoje na Assembléia Legislativa para agradecer aos deputados estaduais o apoio à candidatura avulsa a presidente da Câmara. Sobre as constantes declarações de Genoino de que contribuiu, com a candidatura dissidente, para a derrota da sigla no Legislativo federal e que por isso, deverá ser punido, o deputado do PT reagiu, com dureza.
"A truculência, normalmente, é uma arma dos incompetentes. O presidente Genoino é uma pessoa competente, sabidamente, e não vai usar da truculência", afirmou, insistindo que a candidatura era "legítima" e "fazia parte das regras do jogo".
Segundo Guimarães, qualquer punição que, eventualmente, venha receber, será "uma agressão ao PT". "Um partido democrático tem de começar a praticar a democracia", provocou.
Para o deputado, a cúpula da agremiação precisa aprender com os erros. "Eu fico preocupado de ver que, às vezes, aqueles que mais erraram estão sendo o que menos aprendem."
‘Presa fácil’
Guimarães tachou de "trapalhada" a insistência no nome oficialmente escolhido pela bancada do PT, deputado Luiz Eduardo Greenhalgh (SP). De acordo com o deputado mineiro, Greenhalgh era uma "presa fácil". "Os institutos de pesquisa mostravam que o Luiz Eduardo Greenhalgh tomaria uma lavada do Severino (Cavalcanti, do PP de Pernambuco, eleito presidente da Câmara)".
"Isso (ameaças de punição) é uma armadilha das pessoas que não souberam conduzir o processo, levaram a uma derrota grave e agora ficam querendo desviar o assunto", concluiu Guimarães.
