David Adcock se define como um “velho republicano da era Ronald Reagan”, mas não pretende sair de casa em novembro de 2020 para reeleger Donald Trump. Fazendeiro de soja e milho, ele já dedicou 40 dos seus 68 anos à produção dos grãos no Estado de Illinois, e diz que tudo piorou desde o início da queda de braço do presidente americano com a China. “Eu sabia que, se essa guerra comercial não acabasse no final do primeiro ano, não acabaria nunca.”
Ao anunciar que os EUA vão impor tarifas ao aço e alumínio do Brasil e da Argentina, em uma medida que gerou perplexidade até mesmo dentro do governo americano, Trump disse que os fazendeiros do país estão sofrendo com a desvalorização da moeda dos sul-americanos. Mas, segundo Adcock, essa a longe de ser a maior preocupação do Meio-Oeste dos EUA. “A guerra comercial com a China é muito mais preocupante. Não sei se os fazendeiros realmente olham para a desvalorização da moeda”, afirmou.
A menos de um ano das eleições, a Casa Branca monta uma ofensiva para manter o voto republicano em Estados predominantemente agrícolas, nos quais produtores estão insatisfeitos com a prolongada guerra comercial com a China, que atingiu em cheio a demanda americana.
Com o anúncio de tarifas a outros exportadores de commodities, Trump envia aos agricultores americanos a mensagem de que há mais fatores que prejudicam as exportações além de sua batalha com Pequim. Até agora, o USTr, autoridade comercial dos EUA, não divulgou a proclamação das tarifas sugeridas por Trump ao Brasil e à Argentina. De acordo com fontes, o governo ainda discute como tornar o tuíte do presidente uma medida oficial, já que o americano atropelou o processo tradicional nestes casos.
Eleitorado
O campo é um eleitorado essencial para Trump. Para ganhar a reeleição, a campanha do republicano espera manter o apoio em Iowa, Michigan, Minnesota e Ohio, com intensa produção agrícola.
Os americanos estão perdendo um de seus mais importantes compradores e o receio do setor é de que parte do mercado não seja reconquistado, mesmo com um eventual fim da guerra de tarifas. Trump chegou a anunciar a “fase 1” de um acordo comercial, mas, na semana ada, disse que a disputa pode se estender para além da eleição.
Os agricultores não são, em número, o eleitorado mais expressivo do republicano, mas estão localizados em áreas cruciais para ganhar na contagem dos votos no Colégio Eleitoral. Em 2016, a democrata Hillary Clinton saiu vitoriosa no voto popular, com 2,9 milhões de votos a mais, mas a matemática das eleições americanas favoreceu Trump, que teve vitórias bastante apertadas em Estados como Michigan e Wisconsin.
Mais de 75% dos produtores rurais votaram em Trump na última eleição, de acordo com um levantamento feito pelo jornal Washington Post.
Parte dos agricultores menciona o dinheiro injetado pelo governo Trump na agricultura como uma medida positiva, apesar de não ser encarada como uma solução que se sustente no longo prazo.
“O governo está tentando consertar nos dando dinheiro. Mas e quando isso parar? O que acontecerá"M627.409,331.563L512.604,306.07c-44.69-9.925-79.6-46.024-89.196-92.239L398.754,95.11l-24.652,118.721
c-9.597,46.215-44.506,82.314-89.197,92.239l-114.805,25.493l114.805,25.494c44.691,9.924,79.601,46.024,89.197,92.238
l24.652,118.722l24.653-118.722c9.597-46.214,44.506-82.314,89.196-92.238L627.409,331.563z"/>