Números que fazem a diferença

?Todos nós somos responsáveis pelo mundo em que vivemos. Não devemos delegar para outros o que nós podemos fazer?.

É assim que a professora aposentada Mirian Midori Garcia, 59 anos, define seu papel na sociedade. A estudante de Jornalismo Bárbara Pombo, 19 anos, não pensa diferente. ?Cidadania é isso mesmo?, resume ela. ?Devemos encarar nossos deveres como se fossem soluções para os problemas da sociedade.?

O que estas duas mulheres têm em comum além do discurso bonito? Ambas são agentes de transformação social através do trabalho voluntário que realizam em organizações sociais de Curitiba.

Segundo estatísticas do Centro de Ação Voluntária (CAV), organização não governamental que promove o voluntariado transformador em Curitiba e Região Metropolitana, Mirian e Bárbara fazem parte do grupo de pessoas mais sensibilizadas pelas questões sociais. As mulheres representam 80% dos voluntários cadastrados no CAV em 2006. Bárbara também representa outro grupo importante desta estatística. Cerca de dois terços são jovens entre 18 e 30 anos.

Os números ainda revelam quais as atividades voluntárias mais procuradas pelas 1.010 pessoas que fizeram o cadastro on-line no sítio do CAV, durante o ano ado. Quase 20% das pessoas escolheram organizações sociais que atendem crianças, como creches, casas abrigo e instituições de ensino para serem voluntárias. Mirian Garcia que o diga. ?Comecei como voluntária no Educandário Madre Carmela de Jesus, onde fui contadora de histórias e recreacionista. Ano ado também contei histórias na Escola Luan Müller.?

Bárbara também foi voluntária em atividades pontuais de outras duas organizações de Curitiba, cujo público são crianças e adolescentes em situação de risco: Associação Paranaense Alegria de Viver (Apav) e Organização Vida e Oportunidade (OVO). Hoje, a futura jornalista está morando em Dublin, Irlanda, onde fica até outubro estudando inglês. ?Mas não abandonei as crianças, não. Quando voltar, quero continuar com o trabalho.? Depois de instituições que atendem crianças, as atividades voluntárias mais procuradas pelas pessoas são: com idosos – 7%, em hospital – 6,1% e meio ambiente – 5,2%.

Voluntariado empresarial

A exemplo do que acontece em vários lugares do mundo, empresas brasileiras estão reconhecendo a importância de incentivar e apoiar seus empregados a atuarem como voluntários em comunidades desfavorecidas. Esse incentivo é feito através de Programas Empresariais de Voluntariado (PEV). Eles reforçam o apoio financeiro feito pelas empresas em projetos e programas sociais.

A consultora de voluntariado empresarial do CAV, Fernanda Rocha dos Santos, acredita que o resultado desse incentivo é positivo. Ele pode ser observado no dia-a-dia das empresas que estimulam seus funcionários a praticarem atividades voluntárias. ?O clima organizacional melhora, assim como a valorização profissional e a auto-estima dos funcionários, que sentem prazer em trabalhar pelo desenvolvimento social?, explica.

Mas o que é mesmo voluntariado empresarial? De acordo com o Instituto Ethos, ?voluntariado empresarial é um conjunto de ações realizadas por empresas para incentivar e apoiar o envolvimento de seus funcionários em atividades voluntárias na comunidade?.

Para a coordenadora do Portal do Voluntário HSBC, Carmem Dalla, voluntariado empresarial é mais do que isso. ?Voluntariado empresarial também é responsabilidade social individual. A empresa é responsável pela criação de subsídios como capacitações, palestras, entre outras atividades, para que o colaborador da empresa seja o agente de transformação da comunidade onde está inserido. A resolução dos problemas sociais não é só obrigação do governo e das empresas, mas principalmente do indivíduo.?

É por isso que o PEV do banco HSBC chama-se Responsabilidade Social Individual. Atualmente, o Portal do Voluntário HSBC conta com três mil e sete funcionários de todas as regiões do Brasil cadastrados. ?O portal sensibiliza o nosso colaborador para os problemas sociais. Nele divulgamos palestras, capacitações, projetos e outras atividades, para que os voluntários possam refletir sobre a importância de serem agentes de transformação social?, explica Carmem.

Um exemplo de PEV bem sucedido no Paraná é a Força Voluntária. Fundado em 2005, pelos funcionários da Itaipu Binacional, o Programa Empresarial de Voluntariado da binacional conta hoje com cerca de 300 colaboradores que atuam voluntariamente em atividades sociais em Curitiba e Foz do Iguaçu. Em contrapartida, a empresa estimula a participação dos funcionários, permitindo que eles se reúnam durante o expediente, além de oferecer o apoio logístico necessário para as atividades do grupo.

Só fazendo para saber

Voluntariado não é só aquela contação de história feita no hospital da cidade, ou o reforço escolar realizado na casa de abrigo da comunidade. Voluntariado é muito mais do que isso. Muito mais simples. Fechar a torneira ao escovar os dentes, tomar banhos menos demorados, reciclar o lixo, plantar uma árvore e usar sacolas de pano para carregar as compras do supermercado, por exemplo, são ações que podemos realizar a qualquer hora, em qualquer lugar.

A contadora de histórias Mirian concorda. ?O trabalho voluntário nos faz pessoas melhores, mais felizes, pois é quando trabalhamos para construir um mundo mais justo, tornando a inclusão social uma realidade, onde todos possam viver conscientes de seus direitos e deveres.?

E o retorno, Mirian? ?Por incrível que pareça, não há dinheiro que recompense a gratificação em fazer algo pelo outro. O que você recebe em troca é algo inexplicável. Só fazendo para saber.?

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