Se tem uma coisa que a maternidade me ensinou é que o mundo dá voltas… e mordidas. Eu que já havia sido a mãe do neném que foi mordido na escolinha ei a ser a mãe do bebê mordedor. E, olha, a vida com filhos pequenos nunca nos decepciona no quesito ironia.
Parece que o jogo virou, não é mesmo?
Semana ada eu fui buscar a Laura na escola e descobri que ela mordeu não um, ou dois mas sim três coleguinhas num único dia. Quem já foi mãe do mordido sabe o aperto que a gente sente. Agora, sendo mãe da mordedora, pude conhecer os dois lados da mesma moeda, no fim das contas, a maternidade é isso: um dia a gente consola, no outro pede desculpas. No outro… provavelmente os dois.
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Há algumas semanas, eu escrevi um texto sobre mordidas de nenéns (leia aqui) e contei que já tinha sido a mãe do bebê que chegou da escola com a marquinha de uma dentada no braço, parecia um reho no punho do Bernardo. Na época, o Bê tinha pouco mais de um ano e meio e levou a famosa “” de um coleguinha — um bebê da idade que a Laura tem hoje: quase um aninho.
O Bê e a Laura têm um ano e quatro meses de diferença, moram na mesma casa, convivem com as mesmas pessoas desde sempre… mas são opostos em muita coisa. O Bê puxou o temperamento do pai: tranquilo, deboísta até dizer chega. Já a Laura… como eu posso explicar? A Laura nasceu pronta pro mundo. É dessas que, quando quer, quer agora — e vai atrás. Esse jeitinho eu conheço bem, puxou a mim. (E já adianto: criar uma versão pocket de você mesma é, no mínimo, curioso.)
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Mas, voltando à história… eu lembro bem do dia em que fui buscar o Bê na escola e ele chegou com aquele relógio de mordida no braço. Era a marquinha de um neném que, na época, mal tinha dentes. Dei aquele beijo no dodói, pra garantir que ia sarar, e fiquei com aquele sentimento esquisito de mãe. Sempre soube que isso podia acontecer — faz parte —, mas, quando é com o nosso filho, a gente pensa um pouco mais.
Pensei no que poderia ter levado o outro bebê a morder… e no desespero que deve ser ser a mãe do neném que morde. Pois bem. Até que, semana ada, chegou a minha vez.
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Laura, a neném fofinha e risonha aqui de casa, decidiu virar a mordedora oficial da escola. E não foi uma vítima ou duas, foram três bebês mordidos pela bonitinha. Tudo em um único expediente, ela estava feroz! Socorro. Naquele momento, eu entendi direitinho o que é ser a mãe do bebê que morde.
Voltei pra casa em choque, tentando lembrar se ela já tinha feito isso por aqui… mas não. Nunca mordeu ninguém em casa, nem brincando. Como que essa bebê doce e sorridente virou, em poucas horas, a personagem principal de um episódio de The Walking Babies?
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Conversei com a pedagoga da escola, que me deu algumas orientações pra gente tentar trabalhar isso em casa. Porque, ao que tudo indica, minha bebê pronta pro mundo também veio pronta pra morder o mundo. E cá entre nós… acho que coragem pra enfrentar a vida nunca é demais, ainda mais quando estamos falando sobre ser mulher em um mundo que tende ao machismo.
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Mas filha, vamos tentar canalizar pra outra parte que não seja o braço do coleguinha, né? Porque, ao que tudo indica, minha bebê pronta pro mundo também veio pronta pra morder o mundo inteiro, se deixar.
A gente que lute.
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