Fight or Flight: ação desenfreada em altitude máxima

Tem filmes que a gente assiste já sabendo exatamente o que vai encontrar – e essa previsibilidade é justamente parte da graça. Fight or Flight, dirigido por James Madigan e em cartaz no Prime Video, não tenta enganar ninguém. Desde os primeiros minutos, fica claro que o negócio aqui é explosão, violência estilizada e cenas de ação que ignoram solenemente qualquer compromisso com a lógica ou com as leis da física. É o bom e velho “tiro, porrada, bomba e serra elétrica” que a gente aprendeu a amar lá nos anos 80 e 90 – e que agora retorna com aquele toque de insanidade que o streaming adora entregar.

Na trama, Josh Hartnett (do recente Armadilha) interpreta um ex-agente – porque, claro, sempre tem que ser um ex-alguma-coisa – que é forçado a sair da aposentadoria para localizar um hacker misterioso que embarcou num voo comercial com destino aos Estados Unidos. A missão já não seria das mais simples, mas o problema é que o avião também está lotado de assassinos profissionais atrás do mesmo hacker. E, como não poderia deixar de ser, todos resolvem caçar o nosso herói junto, transformando o voo em um verdadeiro massacre nas alturas.

A direção de James Madigan merece um destaque especial aqui. Mesmo com a câmera sempre em movimento, ele consegue manter as cenas de ação claras, bem coreografadas e visualmente interessantes – sem apelar para aquele corte frenético que serve só pra disfarçar a falta de ideias. Há uma fluidez que lembra, em alguns momentos, as boas coreografias dos filmes orientais de ação, quase um John Woo na anfetamina. Hartnett segura o protagonismo com carisma e entrega. A sequência em que seu personagem entra num combate totalmente drogado já se candidata a virar meme – e, convenhamos, esse tipo de cena já se tornou quase obrigatória nesse tipo de produção.

Outro acerto do filme é a presença da simpática Charithra Chandran, que vai muito além do papel decorativo de coadjuvante. Ela participa ativamente da trama e encara as sequências mais insanas de igual pra igual, o que ajuda a criar uma dinâmica boa com Hartnett. A química entre os dois funciona bem, especialmente porque o filme abraça o exagero sem pudores – e não tenta se levar a sério em momento algum.

É verdade que, do ponto de vista narrativo, o roteiro pouco se importa com lógica, consequências ou desenvolvimento emocional. Os personagens são rasos, ninguém tem tempo de se apegar a ninguém, e os eventos simplesmente acontecem em sequência, como se o único critério fosse o próximo pico de adrenalina. Mas, curiosamente, isso funciona dentro da proposta. Fight or Flight sabe que não é profundo. Não está tentando reinventar a roda. Ele só quer te prender na cadeira por duas horas e jogar uma avalanche de ação desenfreada na sua cara – e nisso, ele é muito competente.

No fim das contas, Fight or Flight é exatamente aquilo que promete: uma montanha-russa barulhenta, caótica e exagerada, feita para quem sente saudade dos tempos em que o cinema de ação era pura catarse. Não espere sentido, não espere desenvolvimento – mas espere se divertir. E, pelo jeito como termina, não se surpreenda se uma continuação já estiver a caminho.


Serviço

Filme: Fight or Flight
Direção: James Madigan
Elenco: Josh Hartnett, Charithra Chandran
Gênero: Ação, Suspense
Duração: Aproximadamente 100 minutos
Onde assistir: Disponível no Prime Video


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